Domingo, 8 de Janeiro de 2012

HOLANDA, PAÍS PROGRESSISTA

HOLAN

 

 

 

HOLANDA, PAÍS PROGRESSISTA

 

Acho que o nosso País é um couto quadrangular com atados políticos retrógrados incapazes de ter uma visão do presente e do futuro; eles são filhos de burgueses endinheirados, bem refastelados na vida, presumidos sabedores de tudo e mais qualquer coisa mágica, vivem da panóplia social, da prosápia retórica e da matreirice infantil. Legislam com sofismas, alçapões, buracos astuciosos e faltas ou falhas propositadas no conserto da Lei. Andam sempre a mudá-la e nunca acertam na definitiva. Propositadamente. Estão amarrados ao porreirismo nacional, como bandeira simbolizando interesses particulares, restritos, e quando se ouve um deles a dizer «porreiro pá» toda a plateia tem razão para se assustar do que está para vir. Coisa boa não é certamente; é de esperar normalmente o pior, ou seja, vermo-nos todos a arder na fogueira atiçada na ardilosa façanha, capaz de esfolar os dinheiros públicos com mais carga fiscal, mais contrariedades, mais conluios a favor deles, da comandita, com a finalidade de unicamente receber desse abraço os benefícios às vezes despudorados, porque  lhes falta vergonha, já para não falar na falta de ética pela qual a vida pública se deveria nortear.

 

Quando vejo o roubo a pensões que os contribuintes pagaram e lhes são reduzidas em dois anos seguidos, consequência de uma falta de senso comum, social, comunitário, nacional, verificamos que não possuem qualquer fímbria de sensibilidade social, e leva-me a concluir sem dúvidas que estamos metidos com uma corja de trafulhas, capazes de tudo e mais alguma diatribe.

 

Realmente, os erros dos políticos estamos nós a sofrê-los no nosso bolso, no nosso programado nível de vida, na qualidade da existência pela qual trabalhámos e nos esforçámos, sabe Deus com que sacrifícios e suor suportados!

 

Não nos deveria caber a nós pagar o que fizeram de errado. Deveriam ser eles a arcar com a responsabilidade dos seus actos e pagar pelos erros que cometeram. Só assim a Política seria honrada; só assim os políticos poderiam merecer a nossa consideração e o nosso louvor. Só assim poderíamos admirar as pessoas que abraçam causas públicas para o engrandecimento do Bem-Comum. Essa estória de dizerem que foram eleitos pelo povo, e que se erraram não foi deliberadamente, mas acreditando que estavam a fazer todos os possíveis pelo engrandecimento do País, não cola. Não convence. Não satisfaz. É trafulhice. É mais uma evasiva, um álibi, um sofisma, uma matreirice, para saírem do teatro animado público pela porta das traseiras traseiras impunemente. Não é legítimo deixarmos que sejam tão farsantes.

 

Efectivamente, os desvios efectuados no Estado no acto da governação não só nas empresas públicas mas também nas partilhadas, mereceriam ser repostos por quem os promoveu e efectuou. Só assim haveria uma cultura de honra e de responsabilidade exigida a quem o se lhe confiou o poder de decisão para bem de todos.

 

Para mim é claro: a política portuguesa é das mais retrógradas da Europa. Quando vejo as empresas a sediar-se na Holanda para não pagar impostos em Portugal, não tenho dúvidas. O País não tem políticos à altura dos tempos modernos. Já algum político estudou com cuidado os processos ideológicos utilizados pelos Países mais progressistas? Os que o são sem rodeios, na prática, pragmaticamente como se diz, os que avançam e vencem as crises por estruturas políticas que lhes dão suporte e alimentam. Alguém já meditou com amplidão, e nem é preciso ser-se muito inteligente, no que fizeram algumas nações para taxar a droga que nunca nenhum governo conseguiu extinguir do mercado, alguém já pensou na prostituição que alastra em todo o lado e não é taxada (evitando assim doenças venéreas), no tráfico de armas que sempre existiu (creio mesmo que com conhecimento dos governantes de cada País), alguém já se deu conta que o tráfico de influências, a dação de dinheiro a partidos políticos criam nos Países grandes distorções no mercado, favorecendo monopólios, protegendo elites, os/as quais deles cobram favores retribuídos quando os recetores estão no poder. Alguém já refletiu nesta evidência: um Estado que dá regalias desmesuradas aos políticos é um dos que nunca conseguirá ascender à posição dos que cuidam dos seus povos. Se falarmos em corrupção generalizada, então o caldo entorna-se por completo; estamos num País de corruptos com raríssimas exceções e com uma Justiça que não cumpre o seu dever ético e social. Uma Justiça vesga mais por culpa da política do que dela mesma. De facto, enquanto houver políticos a ganhar somas exorbitantes, com mordomias que são vexatórias para a pobreza existente, políticos a auferir salários e subsídios que em relação ao cidadão comum são 4, 44, 444 vezes mais, a Nação será um pobre couto rectangular ou cúbico, triangular ou circular, sem nenhuma esperança de presente nem de futuro. E no estado económico, contributivo e fiscal em que Portugal se encontra, enquanto estas disformidades, estas pechas, estas aberrações, estes absurdos, estas enormes deficiências de comportamentos existirem o País não sairá mais da cepa torta com a certeza de que dentro de dois ou três lustros, deixe de ser um País independente mas suavemente colonizado por uma Espanha (que talvez nem nos queira ver lá dentro associados) ou por uma Alemanha que nos porá na ordem e faça de nós um povo disciplinado, ou duma China que precisa de entrar no Ocidente por uma porta claudicante e subserviente; será um protetorado? Para os nossos politicos o resultado pouco importará desde que não lhes subtraiam dinheiro dos bolsos, nem lhes reduzam as regalias que eles julgam conquistadas por mérito próprio. Também neste aspeto poderão ficar surpreendidos unicamente a seguir aos factos consumados.

 

Assustador o que digo? talvez; mas a quem já pensou nestas coisas dum modo desapegado de ideologias precárias, de sectarismos radicais já nada assusta.  Teremos o futuro que todos merecermos, ainda que por cá haja uma claque ou casta enviesada de vozes discordantes, desejosas de novo rumo, de mais pragmatismo, da reforma necessária e imprescindível. Insignificante todavia pelo visto até que seja tarde.

 

 

Rodrigo da Silva

 

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sinto-me: bem
publicado por cronicas-de-rodrigo-da-silva às 20:33
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