Sexta-feira, 3 de Dezembro de 2010

SEXO COM OU SEM AMOR

 
 
 
SEXO COM OU SEM AMOR?

Rodrigo da Silva



Os cientistas da Universidade de Chicago investigaram o comportamento sexual relacionado com a saúde sexual nos EUA em 1992, trabalho esse editado em 1994, mas os primeiros inquéritos deste tipo foram feitos por um professor de Biologia da Universidade do Indiana, Alfred Kinsey, há já seis décadas. As reflexões que vou expor com algumas variantes são expostas por Michael Reece, director do centro da promoção da saúde sexual da Universidade do Indiana e um dos autores do estudo na apresentação oficial do trabalho. O que se passa debaixo ou por cima dos  lençóis numa casa 'made in USA'? Já aqui comentei um estudo do Sexlab da prestigiada Universidade de Aveiro, tendo sido a que mais polémica causou neste blogue, dadas as respostas e comentários recebidos, pelo facto de ter sido revelado que as mulheres se excitam genitalmente mais do que homens aos estímulos da áudio visão dos filmes erótico-pornográficos. Desta arte, volto à questão que suscitou na altura um interesse especial para aferição da normalidade, na generalidade existencial da vida neste planeta.

Para início, revelo que, seguindo as palavras dos investigadores, o último estudo nos USA foi realizado pela Internet, para os inquiridos ficarem registados na qualidade de anonimato, deixando assim de recear a exposição pública para coisas do foro íntimo, mas revelam costumes novos que mal são mal conhecidos do domínio público a nível geral, ainda que não choquem os mais avisados. A relação amorosa heterossexual admite várias formas de satisfação muito diferentes das que eram privilegiadas nesse outrora modelar, a posição dita do missionário ( a clássica). Hoje os parceiros amorosos mudam de posições com frequência, cultivam a variedade na estimulação genital, pelas vias oral, vaginal e anal; elas são tão experimentadas e usadas que se tornaram habituais entre casais, e não trazem nenhuma surpresa nem espanto na nossa sociedade. São práticas usuais, começam a ser um culto, havendo no entanto cuidados a considerar e exercitar de modo a que a saúde dos pares não sejam afectadas por bactérias, ou pelo vírus de herpes o mais devastador no exercício do sexo oral, e no caso da introdução anal os fungos podem prejudicar o equilíbrio salutar dos órgãos genitais. Aconselham por isso estes peritos a manter essas partes corporais bem higienizadas sendo que há produtos higiénicos farmacêuticos para os manter saudáveis e apropriados para o acto.

Na juventude, o sexo é uma prática vital, diria instintiva, essencialmente poderosa, obsessiva, mas cronologicamente vai decrescendo de intensidade em resultado do afrouxamento causado pela envelhecimento corporal, ou seja peça adulteridade fatalmente progressiva, ou eufemisticamente falando, a certo momento, entra-se numa 'terceira juventude', em que o corpo não responde à vontade de coitar, sendo nessa ocasião um episódico exercício cada vez mais espaçado (podendo também ser requintado e superar-se pela diversidade nos modos de o exercer); contudo, resulta da idade o desinteresse por qualquer prática sexual, e na fase mais ou menos anterior a esta fase até ao final da decrepitude ele será certamente uma actividade quase nula, que dispensa o coito ou de nele sequer pensar. Um cafuné é-lhe suficiente, ou ao que chamamos afagos carinhoso em portugês)

Justificando que certos animais, nomeadamente os insectos, igualmente são praticantes dessas variantes, a conclusão dos investigadores e/ou e cientistas é que o Ocidente aproxima-se a passos largos para a multiplicidade dos gozos que no Oriente geraram capítulos de práticas de análise experimental com o seu desempenho aprimorado : elas redundaram efectivamente no culto do exercício da ciência tântrica em última e
na melhor instância, matéria esta relacionalmente envolvendo sexo com ou sem amor, hoje cada vez mais conhecido no mundo ocidental e até já há livros expostos às escancaras nas livrarias, muito vendidos com leitores aficionados, conhecimentos ilustrados que elucidam estas práticas tais como o Kamassutra, bastante expandido e divulgado no mercado livreiro.

As televisões às vezes não se coíbem de fazerem comentários e reportagens destas novas práticas, a horas tardia, com enorme subida de audiências, nos quais são explícitas estas formas de fazer amor nas mais variadas posições e práticas e no fim exploram as expressões das sensações dos protagonistas quanto aos prazeres que estas novidades causam em quem as exercitam. A melhoria do desempenho sexual dual
traduz-se em mais felicidade conjugal ou a prazo para os parceiros numa relação amorosa mais ou menos duradoura.

Ademais e por outro lado a masturbação e visão com audio aprazível dum bom vídeo erótico ou pornográfico não é já novidade para ninguém como receita única ou preambular para se iniciar a predisposição para o acto, causando maior satisfação mútua e interpessoal, e por consequência, aumentam, no fim do desempenho, uma maior e melhor auto-estima e optimizam o amor-próprio.

Realmente os costumes alteram-se vertiginosamente no nosso tempo e espaço. De há quinze anos para cá na América do Norte, assim como no vasto e amplo espaço Ocidental, os costumes e comportamentos humanos alteraram-se por completo.

O pudor e o preconceito, mantidos durante séculos pela influência da moral judaico-cristã, aquelas normas religiosas preconceituosas e retrógradas em tudo o que dizem respeito a sexo, com nefastos efeitos produzidos nas relações inter-pares conjugais ou de compromisso tratava o sexo prazeroso como um acto pecaminoso, só justificado para a procriação e aumento da população, ou seja serviam à procriação e nada mais.

Toda essa mentalidade tende a acabar, e o catolicismo neste aspecto está a ser marginalizado pelos seus acólitos menos fervorosos das normas conservadoras e mais voluptuosos, no fundo, os mais felizes. O facto de ser propagada e propagandeada a ideia de que Cristo tinha uma companheira habitual, parceira conjugal para todos os efeitos, a Maria Madalena, senhora de boa estirpe, que também era venerada pelos apóstolos, divulgado com a máxima à-vontade por estudiosos bíblicos, e até um dos nossos fados mais ouvidos e mais atraentes, para quem sofre dos males do amor, reza o seguinte episódio da condição simultaneamente humana de Jesus num fado chamado «a samaritana» que diz isto:

SAMARITANA

 

Dos amores do Redentor

Não reza a História Sagrada

Mas diz uma lenda encantada

Que o Bom Jesus sofreu de amor.

 

 

 

Sofreu consigo e calou

Sua paixão divinal,

Assim como qualquer mortal

Que um dia de amor palpitou.

 

 

 

Samaritana,

Plebeia de Sicar,

Alguém espreitando

Te viu Jesus beijar

De tarde quando

Foste encontrá-Lo só,

Morto de sede

Junto à fonte de Jacob.

 

 

 

E tu, risonha, acolheste

O beijo que te encantou,

Serena, empalideceste

E Jesus Cristo corou.

 

 

 

Corou por ver quanta luz

Irradiava da tua fronte,

Quando disseste:

- Ó Meu Jesus,

Que bem eu fiz, Senhor, em vir à fonte.

 

                                            (A letra do fado SAMARITANA é da autoria de Álvaro Cabral)

 

O laboratório de investigação científica, sobre estas matérias, o Labsex da Universidade de Aveiro ainda não avançou mais nesta investigação em relação ao povo português, mas promete fazê-lo, pois o da Universidade de Indiana tomou-lhe a dianteira, tornando-se exemplar, no que diz respeito à análise sexual dum povo, porém, no caso português, e quem diz português também podemos dizer ibérico. Já não diria todavia do mesmo modo acerca da vida sexual do francês, sabendo como sei, até por experiência própria no lustro em que lá estive exilado, primeira metade dos anos 60, que, por conseguinte há mais de quarenta anos atrás em França, estas práticas eram exercitadas com a máxima normalidade, e quotidianamente são banais pelo que me confirmam os retornados e os nossos visitantes.

 

Seria interessante que o leitor se manifestasse pois a sua contribuição e partilha do seu modo de vida e das suas ideias e sentimentos poderiam enriquecer e melhorar estas reflexões. Deste jeito, fico a aguardar a tão propalada partilha de ideias e reflexões nesta tão propalada interacticidade cibernáutica, pelas reacções expressas advenientes, se ela é manifestada apenas hipocritamente, não havendo motivo para a sustentar mais, por não ser praticada na realidade; e, ora bem, provar-se-á com este repto e este artigo aqui apresentados, se a verdade é uma coisa demonstrada, ou é outra que não esta, ou não é coisa nenhuma. Ou, definitivamente, será este desafio assertivo uma crença coberta por uma pura ingenuidade de todos nós, uma falsidade conjugada, não assentando em nenhuma realidade confirmada. Ademais, será ainda que o pudor e o preconceito são características ainda latentes e muito intrínsecas dos numerosos visitantes destas crónicas que me lêem com frequência (contudo pouco opinativos), julgando que escrevo unicamente coisas sobre a Pureza e  a Beleza da vida (em assuntos outros que não são tão polémicos), esses dos quais gostam, e nesta temática, aqui exposta, rejeitam-na pura e simplesmente; nomeadamente, neste acto de analisar costumes novos, actualmente generalizados, não se querendo expor publicamente por medo de serem mal interpretados e julgados? Porém, atenção, não de esqueçam que o que pode chocar é o modo como se dizem as coisas, na interlocução acerca das opiniões pessoais, e se assim é, como penso, o necessário é cuidar desse modo de dizer. Na realidade, o modo é o segredo da explicitação atractiva duma ideia, sem conseguir ferir seja quem for.O resultado desta inquirição vai certamente ser frustrante em Portugal.

 

Contudo, neste capítulo das relações humanas ainda há um  aspecto que tolhe visceralmente a civilização ocidental, e que associa a liberdade à libertinagem. Julgam que fruir e usufruir do sexo por prazer é propício, na sequência desordenada e indisciplinada, à orgia dual ou grupal, e esta é a causa da dissolução dos costumes sãos duma população, e que a leva ao enfraquecimento da vitalidade estóica, uma «endurance» potencialmente guerreiras em algumas comunidades conservadoras, as quais assim foram e quiçá serão para sempre domesticadas na crença da salvação «pos-mortem».

 

Curiosamente, as quedas dos impérios helenístico e romano deveram-se em boa parte a essa dissolução corrompida dos cidadãos. Chamaram.se às suas práticas sexuais e comportamentais uma libertinagem, a promiscuidade, e foram  assim frequentemente apelidadas de dissolutas e corruptas. De facto, um povo feliz deixa-se facilmente subjugar por um povo aguerrido ou bárbaro, cultor da disciplina, da ordem, da tradição, da abstinência sexual, da resignação ao infortúnio, e a sexualidade vivida em liberdade e com intensidade e plenitude até parece ser um defeito tendente à deterioração das qualidades atrás referidas. E um povo mole, castrado desde o berço, resigna-se aos costumes inalteráveis, que o tornam infeliz; o outro é um povo apetecível para se enjaular num redil pela força ou outro método menos violento, ficando sujeito à impiedosa dominação do(s) tiranete(s). Pensando bem, no fim das sínteses, os casos mais flagrantes foram os dos povos asiáticos e africanos. que ironicamente, eram povos felizes pelo seu modo de ser e de estar na vida, assim como na sua actuação comunitária.

 

Todavia, a verdade é que sendo aquele comportamento sexual uma das causas da sua brandura e felicidade, a outras razões muito mais fortes se deveram à subjugação exercida pelo Ocidente desde as Cruzadas; contudo, o que teve especial culpa, na sua dominação facilitada pelo jugo imposto, foi o uso das drogas especialmente as duras. Refiro-me em especial à China, à Índia e ao Médio Oriente e Ilhas do Pacífico Oceano; as leves não produzem o mesmo efeito nem são mortais; as primeiras sim devem reprimir-se seja de que modo for, e melhor fora que quem as cultiva não precisasse de as cultivar com a finalidade de fugir à pobreza ou à miséria, agarrando-se a este cultivo para sobriverem, contudo, as leves, a meu ver, deveriam ser despenalizadas em todos os Países, porque esta mudança traria o fracasso das criminosas máfias organizadas altamente corruptoras do tecido comunitário, o seu maior perigo que leva tanta gente ao crime nessa engrenagem em cadeia, que leva os traficantes à cadeia, outra escola de crime, e, em suma, condu-la à desgraça, à ruína familiar, e à morte prematura. Há necessidade da sua erradicação - e a solução não está unicamente na repressão, como todos entendem - mas numa política a exercer a nível mundial, o tal governo único mundial de que falava Bertrand Russel, a propósito da proliferação das armas nucleares (que mais dia menos dia hão de ser utilizadas por qualquer louco do tipo hitleriano), único possível para salvaguarda da convivência salutar e do equilíbrio ordeiro na vida das comunidades. Os Países-Baixos despenalizaram o seu consumo, vendem-na em lojas próprias, e tiveram enorme êxito com esta atitude político-social. Mais de metade do tráfico clandestino desapareceu, e o Estado cobra impostos sobre a venda, o que ajuda também ao erário público. Realmente, as bebidas alcoólicas e o tabaco são muito mais nocivos do que o haxixe ou a maconha, por exemplo, e estas ervas não causam a habituação desmesurada que o álcool e o cigarro originam.

 

Quinta-feira, 25 de Novembro de 2010

 

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Sobre os assuntos atrás referidos consulte os seguintes itens:

 

http://www.youtube.com/watch?v=VtUFbRYWlEc

 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Madalena

 

http://www.alunosonline.com.br/sexualidade/sexo-tantrico/

 

http://nova.abril.com.br/especiais/guia-orgasmo/posicoes.shtml

  

sinto-me: excelente
música: RDP Antena 2
publicado por cronicas-de-rodrigo-da-silva às 04:27
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