SEXO E/OU AMOR
Por Rodrigo da Silva
Acabo de ler um estudo sobre sexo realizado no Sexlab da prestigiada Universidade de Aveiro, no jornal diário 'Público' de ontem, que conclui que «as mulheres excitam-se mais com filmes de cariz sexual do que os homens».
Ora, parece que os investigadores ficaram intrigados com a conclusão obtida, pois que quando se pergunta a uma mulher se gosta de filmes eróticos e/ou pornográficos, elas respondem logo com aquele ar pleno de “nove horas” que : ai Jesus Maria José credo Nosso Senhor va de retro Satanás!!!
Ou muito me engano ou os homens são muito mais sinceros, boa parte gosta, se não for carga em demasia, e serve-lhe de “motor de arranque”, expressão popular vulgarizada, mas assaz sugestiva. Pôr o motor a trabalhar mediante esse aparelho de arranque pode ser exercido de várias maneiras, esta última a que recorre quando a parceira está demasiado passiva, fatigada, com dores de cabeça, o flagelo das esposas enfartadas com o sexo da cara-metade (esse, o legítimo e oficial), ou outrossim quando elas são pouco propensas às artes sexuais, por vezes até mutiladas mentalmente (parecidas na correspondência com as mutiladas genitais africanas*); todavia, no nosso caso, o facto dá-se pela influência psicológica da moralidade milenar judaica-cristã; e recorrem ao vídeo ou ao filme erótico e/ou pornofílmico para excitação sexual de ambos, com o engano de que é só ele que reage sempre à motivação (rs); na verdade, segundo conclui o estudo isso não é verdade; elas excitam-se mais do que os homens!
Ao invés, na presença de uma mulher cem por cento profissional, totalmente competente, esse espectáculo audiovisual não serve para nada, é bem prescindível, e o homem ganha mais ânimo e consegue o melhor e o mais completo desempenho do acto, especialmente se ela amar o que sabe fazer.
Todavia, o amor é outra coisa; exerce-se mais a nível espiritual, ao qual o corporal lhe dá completude, não esquecendo, porém que também há amor platónico nos dias de hoje, aquele que não centra o seu comportamento no exercício particularmente sexual, mas sim noutros prazeres anímicos, tais como os da boa companhia, da solidariedade no azar ou na sorte, no sucesso ou insucesso de um dos parceiros, e auxilia generosamente sempre o outro a ultrapassar dores e doenças que surgem mesmo quando não são expectáveis. Há amores que se prolongam pela vida fora sem orgasmos nem exercícios de luxúria, sendo conquistas anti-natura, que, no entanto, na visão de muito boa gente são insalutares, e não propiciam que o moral ande na “mó de cima”, tanto a eles como a elas.
Com o decurso da idade (pois que ela avança sem paragens nem recuos), é muito natural que a imaginação tenha de ser posta a funcionar a certa altura, e leve os parceiros a recorrer à ajuda de novos arquétipos - na versão turbo (!) -, para que o desempenho sexual seja satisfatório, ainda que tenha de socorrer-se da ajuda de fármacos apropriados à dilatação e intumescimento do órgão executante; poderão, ademais e ainda, recorrer a acessórios disponíveis no mercado, nas “sex-shops”, ou finalmente utilizar os ecrãs da TV ou do PC para ver o espectáculo audiovisual que os excita.
Para uma mulher que se excita facilmente na presença do amado, o uso de tais recursos (todos os que foram mencionados), é uma desconsideração frustrante por ela acreditar que é a melhor pessoa do mundo para o excitar, dada a sua arte de sedução e sabedoria quanto à excitação. E isto é verdade, quando ela domina essas arte e sabedoria. Pois só com amor ambos encontrarão a melhor forma para se satisfazerem. Uma e outro saberão como inflamarem-se até ao rubro. Porém isto não é comum na sociedade em que estamos resignados a levar a cabo.
Claro que a vida é muito complicada de viver; conjugar todos os factores duma vida saudável, vivida com prazer num casamento ou numa união exige uma renovação constante ou, pelo menos, periódica, para serem feitos os ajustamentos necessários. E não devemos olvidar, contudo, que há casais que se resignam a uma vida monótona e sensaborona, com perda diária da noção do que é a felicidade (os orientais garantem que é pelo sexo e o amor que se atinge a divindade), arrastando-se os mal-amados numa má união a dois; no entanto, pretensiosamente e com ostentação, muitas vezes garantem erroneamente e/ou hipocritamente complementarem-se, mas, no fundo, são duas velas apagadas que rumam para a felicidade do nunca e a divindade do jamais.
Obviamente que outras variantes podem acontecer, e há quem opte por que essa união seja a três ou a quatro (é o caso do “swing”), e há ainda outros que optam pela frequência em orgias com vários intervenientes, porém, isso já não é amor, é outra coisa que (creio eu) se reduz ao amor a si-mesmo, e aponta muito provavelmente para estados de misogenia ou misantropia.
Mas, voltando ao início, ora, essa de as mulheres se excitarem mais do que os homens com filmes sexys, também eu não sabia, e o citado laboratório da Universidade de Aveiro fez uma descoberta fenomenal, que surpreendeu os investigadores. Então se assim é, porque é que elas nos dizem: ai Jesus credo abrenúncio nossa senhora nos livre - mas que pecado !!! Nem que me pagassem, veria essa porcaria pornofílmica…
Notas finais:
(E com esta quarta crónica me despeço até ao dia 24 deste mês, se Deus quiser.)