Sexta-feira, 12 de Outubro de 2012

GOVERNANÇA TEATRAL

 

 

 

 

GOVERNANÇA TEATRAL

 

Se esta governança não tivesse uma gradação variável da comédia bufa, ou farsa caricata, estaríamos perante uma tragédia grega. Coitados dos gregos que estão a pagar as favas à governança deles! Trágico, não é? E, mau grado, ela agora expande-se à quixotesca ibéria com a sua plutocrática elite pançuda. Mesmo sem a pança de Sancho, que vai se reduzindo dia-após-dia para agravamento das nossas insuficiências…

 

Aparentemente, comédia bufa, à italiana, (outra nota cultural da arte românica que a amestrou, é agora vítima colectiva dela mesma, repudiando-a reactivamente como também sabe fazer), sendo um epíteto que traduz uma elite dourada sem apito. O (a)pito é apenas um modo de expressão que translada para uma a-pita-dela. E já que estamos em maré de choraminguices, aí vai mais um fadinho para comiserar estrangeiros, que nos visitam turisticamente para saborearem o sol e as praias, além do desporto, a preço de saldo - não vai durar muito a que assim seja, num País falido e austero (muito dele à míngua e à fome), empobrecido, no canto mais recôndito da Europa, uma nesga quase marroquina especialmente pela carestia do bem-estar social, pois algum teve mas deixou de ter.

 

Também mais um apontamento do engulho que temos de suportar (e que invisivelmente nos esbulha): comprar e vender propriedades por gente da política a ganhar uns milhões, grande negociata! Mandar milhões para a Suíça, outro negócio. Peculato e corrupção desenfreadas, assim: uma corrupção condenada fora de aqui, sem corrompidos dentro de cá... viva a esperteza do rato a usar os ‘off-shores’ para fugir ao controle do fisco e dos concidadãos, e vai aí venha mais outro fado desses que fazem chorar as almas compungidas. Tudo legal, tudo dentro da lei, e a coberto dela, tudo branqueado. E viva a Madeira, que é o que está a dar!

 

De tudo tão repetido, tão reiterado, tão ritualizado, tão trotinado, a comédia passa, pois, a ser uma farsa consentida e vulgar! Mas já não há pachorra para mais, diga-se de passagem e a propósito da desgraça.

 

Todavia, o que é essa do ‘pote’ público? O pote sem fundo que alimenta a rapinagem dos falcões (alvitramos ou aventamos vilões). Eles por aí andam, em trajes de gala a endeusarem-se mutuamente, a trocar cadeiras na ascensão de patamares dos serviços ministeriais públicos e promiscuamente privados cada vez mais elevados, até se reduzir tudo à elite dominante que nos suga o tutano com essa invenção das parcerias PPP, que se constituíram uma aberração dolosa dificilmente imaginável, que compromete definitivamente a república e a democracia, hoje esvaziada dos seus valores éticos. Já são nomes que dizem nada a qualquer português que se preze de o ser. Sempre que alguém diz que se deve reduzir salários e pensões e aumentar impostos, esse alguém só merece uma condenação efectiva: ser-lhe reduzido o salário ao ordenado mínimo. E quem fizer essa redução, efectivamente seja condenado a um quinquénio a pão e água. A farsa acabaria assim prescrita e proscrita neste palco teatral deste rosário de agruras e lamúrias com lamentáveis sanguessugas a protagonizar a cena presente. E o povo seria dono do seu destino, se... Ora (a)pita lá que já chegamos à Madeira! Para entreter este entretanto agora canta lá a morna cabo-verdiana, onde há também um fantasmagórico Banco ‘off-shore’, sítio onde faz-nos lembrar inúmeros dias e dias do calaceiro gozar a Boa Vida da Finança, sendo ele uma dor de cabeça manifestada vergonhosa e envergonhadamente por alguns governantes da nobre gente deste Arquipélago, ainda que estejamos convictos que é apenas uma dor de dentes inflaccionada, para adiar indefinidamente a sua extinção...ah!, que saudade dessa inflexão vocal de Cesária Évora...

 

Saudade dos velhos tempos em que não havia esta treta da governança desgovernante e desgovernada sem paralelo na nossa História, em que o cifrão é actualmente o valor máximo da elite predadora a mamar numa vaca parecida com a gorda Cornélia mamuda. À Madeira também chegou a Cornélia para se misturar com as vacas lá do sítio, contudo só pouquíssimos mamam, a maioria esmagadora dos ilhéus está fora do jardim relvado a trabalhar como mouros ou galegos. Moiram e mourejam o chão com mãos calejadas que a terra um dia há de comer.

 

Imitem, senhores, a voz de Max e o seu ’Bailinho da Madeira’ à frente dum transmontano, dum beirão ou dum alentejano, ribatejano ou açoriano, e eles arrancarão as pedras das fragas para vos apedrejar. No entanto, dado que os alentejanos não têm acesso a calhaus cantarão a ‘Vila Morena‘, tão incisiva e memorável, que competetivamente produzirá o mesmo efeito, quiçá a superar o fadinho lisboeta, património invisível da Humanidade, honrado pela UNESCO!

 

Na verdade, o fado arrasta-nos para a miséria, e, ao menos, a canção empolgante, vinda do Alentejo, traz-nos a esperança de outro País por ressuscitar. Reanima. Renova. Redime.

 

Em vão procuro um fado que dê luz ao sangue lusitano. É tudo pois comédia bufa, se não fosse tragédia, e bufa porque o povo bufa bufa mas não resolve coisa alguma, e também é farsa porque os comediantes se repetem desde há duas décadas. Realmente, caricata, pela insistência.

 

Todavia, e antes não fosse, será tragédia consentida a curto prazo. Aqueles que vestem toga nos tribunais leoninos são os nossos coveiros, e ao mesmo tempo sentam-se (a assobiar para o lado quando não dormem) no anfiteatro-sede da nossa democracia agonizante. Eles vão enganando-a até à morte, e já não falta muito para um funeral bem carpido. De facto, já nem com algumas ou muitas reformas sejam elas quais forem, fingindo ser o que não são, o País se levantará, sítio poisado onde há uma ilimitada cumplicidade apadrinhada por membros influentes dos Partidos políticos que sempre partilharam e partilham o poder, e estão habituados a trocarem e a renderem favores uns aos outros, independentemente da sua bandeira bairrista.

 

Por fim só haverá uma solução: afastar de vez a elite dominante. Estamos a viver hodiernamente num teatro político de marionetas e é na sua manipulação, onde pontifica a Alta Finança ou a Plutocracia, que a essência da crise se evidencia com maior acutilância. Esta crise não é do povo, ela é a da elite dominante, não só aqui, nesta nesga à beira mar plantada, mas por esse mundo fora com excepção de algumas nações nórdicas, bastante evoluídas politicamente, contudo com escassos, ou melhor, sem nenhuns seguidores até à actualidade (e até ver, pois não há mal que sempre dure, nem fado que não acabe).

 

12/10/2012

 

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Fundamentos reflexivos: abra os links abaixo transcritos

 

http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93pera-bufa

 

http://www.infopedia.pt/$farsa

 

http://www.boitempo.com/livro_completo.php?isbn=978-85-7559-174-1

 

http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2012/08/21/o-julgamento-do-mensalao-a-farsa-e-os-farsantes/

 

http://www.tsf.pt/PaginaInicial/tag.aspx?tag=BPN

 

http://www.portugalcaboverde.com/news_detail.php?id=158

 

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/caso-freeport/procuradores-do-freeport-chamaram-estupido-ao-povo-portugues

 
https://www.facebook.com/pages/CADEIA-PARA-OS-POL%C3%8DTICOS-QUE-LEVARAM-PORTUGAL-%C3%81-FAL%C3%8ANCIA/404965826233332

 

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